Mini Guia do Jipeiro Durango Kid (3)
2º Estágio - Você está quase comprando um jipe
Por sorte, ou melhor, por obra e graça Divina, resta uma graninha em sua conta bancária. Mas o quê comprar? Alguns sugerem para você passar fome por mais dez anos até conseguir um Land. Outros mais "camaradas", dizem para você ficar com aquele Willys barato, que está parado há vinte anos no sítio de sei-lá-quem. A intenção até que é boa, mas eles se esquecem de dizer que você também vai ter que virar sócio daquela oficina da esquina.
Nenhuma solução boa aparece, até que, do nada, pinta um jipinho. Um Niva, por exemplo. A aparência sugere algumas cirurgias plásticas, o motor até que não ronca mal e o precinho... Hummm, cabe certinho nas suas economias. E o melhor, ainda dá para colocar um jogo de pneus lameiros e tomar aquele chopinho em comemoração.
Vá devagar, comprar um jipe usado requer alguns cuidados! Em primeiro lugar, quando for ver o carro, dê uma olhada no lugar onde ele está estacionado. Se houver um vazamento de óleo, a prova estará no chão. Por outro lado, acredite sempre na regra número um dos jipes, se não está pingando óleo é porque pode estar sem óleo. Portanto, peça para levar o carango num posto e coloque-o num elevador. Confira o nível dos óleos e se tudo está ok. Sabe como é... Se nada está fora do lugar ou quebrado.
O próximo passo... Alguém disse alguma coisa? Ah, você não entende nada de mecânica! Bom, então faça da seguinte forma: Abra o capô e dê uma olhada geral. Parafusos e porcas com marcas de esforço indicam que aquilo que você está olhando (digamos que seja o motor) foi mexido várias vezes e pode estar com problemas. O mesmo serve para a parte elétrica. Muitas emendas, fios desencapados e fita isolante para todo lado é pane na certa.
No caso do Niva, você deve dar uma atenção especial à lataria, pois ele é monobloco. Ou seja, massa por todo lado pode ser um péssimo sinal. O que fazer, então? Leve um ímã e encoste onde estiver estranho, principalmente naqueles lugares que se assemelham a uma casca de laranja. Se o ímã não "grudar", a coisa tá feia! Neste caso, o barato vai sair caro.
Outro ponto que merece atenção é o cubo da roda. Calma, é simples! Com o jipe levantado pelo "chassis" (use um elevador que não suspenda o carro pelas rodas), segure uma roda qualquer com uma das mãos em cima e a outra embaixo (12h e 6h, sacou?) e tente mexer para dentro e para fora. Caso você escute um toc-toc, o(s) rolamento(s) do cubo de roda está com folga. A solução vai de um simples ajuste da pré-carga (aperto) dos rolamentos até a troca deles. Não esqueça de verificar as outras rodas.
Agora, chegou a hora de dar uma volta no carango. Preste atenção em todos os barulhos que puder. Dirija com os vidros abertos e, depois, com eles fechados. Barulhos do tipo nhec-nhec geralmente são de buchas de suspensão gastas. Nada complicado! Aproveite também para sentir o carro. Ao pisar no freio, repare se ele aos poucos vai descendo. Em caso positivo, alguma coisa no circuito pode estar vazando. E, pela Lei de Murphy, é sempre a coisa mais cara: o cilindro-mestre.
Um detalhe que "entrega" muito carro ruim é o estado dos bancos. Quando eles estão surrados e até "afundados" de tanto uso é certo que o carro rodou pacas (mesmo que o hodômetro diga que não). Bancos novos também devem ser olhados com um pouco de desconfiança, pois, se eles estão ali, é bem provável que os originais estivessem em péssimo estado. Mas isso nem sempre é verdade, portanto, uma conferida no volante ajuda. Caso ele esteja lisinho-lisinho, o carro realmente conheceu milhares de quilômetros. Uma coisa é certa, nunca compre um jipe olhando o hodômetro. É furada!
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