Moeda, Itabirito e os pastel de angu
Celso
Travassos
Sábado cedo, levantei com o frio pegano e a neblina baixa.
Liguei pro Zédu:
- Cê vai? Eu já tô pronto e o minino tumém.
- Vô.
Daqui a dez minuto no quilômetro dez.
- Falô.
Inté.
Deixei a mulher dormino, peguei o minino, todo agasalhado, um pacote de biscoito
e água.
Liguei o bruto e tomei rumo.
Encontramo no combinado e seguimo.
Cheguemo com o sol apareceno, sem vergonha de esquentá.
Os minino logo foram pro quintal chupá laranja, corrê e dá umas volta na
égua.
Paguemo o casero, proseamo tomano café no fogão de lenha.
Perto da hora do almoço, tomamo o rumo de Moeda prá mode podê comprá
requejão. Num resistimo e tomamo umas cerveja inquanto os minino comia Fandango
com guaraná.
Tudo feliz, cheio de carrapato o os óizim briano...
Na vorta foi o Zé que sugeriu:
- Vamo inté Itabirito prá cumê pastel de angu?
Pensei: "A cumadre deve de tá dormino, eu tô com o menino e dano paz prá
ela..."
- Vamo.
Toquemo os bruto inté Itabirito.
Cheguemo no meio da Julifest da prefeitura de lá. Cidade cheia.
Nos acomodemo numa cadera de buteco, pedimo os pastel de angu e cerveja.
Guaraná e fígado acebolado pros menino.
Proseamo bem.
Na hora de ir embora, falei pro Zé:
- Ô Zé, vamo coiê umas frô do campo prá levá pras muié, junto com os
pastel de angu. Assim elas num fica brava com nós.
-Tão tá. - falou o Zédu.
E assim fizemo.
Cheguemo em casa feliz. Os minino tudo breiado de terra, com gordura de pastel
de angu e carrapato.
Os óizim briano quinem estrela, de felicidade. Nós, meio tonto, descabelado,
com o pacotim de papel de pastel de angu, moiádo de gordura da metade prá
baixo numa mão e as frô do campo murcha da viaje na ôtra, crente que tava
abafano, esperando o beijo agradecido.
Até hoje ela tá tomano banho de porta trancada...
Muiézada difícil... |